A saudade tem cheiro, tem voz,
tem retratos. A saudade é a poesia da esperança. É ela que mantém viva as boas
lembranças do passado.
Eu tenho saudade de muita coisa,
saudade de quando era criança, de sentar dentro do carrinho do supermercado, de
ganhar uma bola “dente de leite” nova e jogar com ela no meio da rua, saudade
de tomar banho de chuva, de jogar pião, de brincar de esconde-esconde, de
namorar escondido, de chamar minha mãe no meio da noite e de sonhar com o
brinquedo novo que ganharia no meu aniversário.
Tenho saudade dos amigos de
infância, do dia da recreação da escola, do almoço de domingo, dos fins de
semana que meu pai chegava de viagem e brincava com a gente.
Tenho saudade de ser adolescente,
de me apaixonar perdidamente pela garota mais linda da escola, de escrever
cartinhas de amor, de procurar o disco voador e de ver o sol nascer. Tenho saudade
de passar o fim de ano com a família reunida, tenho saudade de uma vida que eu
sei que não volta mais.
Tenho saudade de quando tocava o
sinal do recreio, dos torneios de futsal na quadra da escola, de correr
descalço na rua e das corridas de bicicleta que eu fazia com meu primo. Tenho
saudade do tempo perdido, do que já foi esquecido e do que ainda está por vir.
Tenho saudade de ter medo do escuro, de guardar o segredo mais profundo, das
juras de amor eterno, das brigas com os colegas da escola e de dormir fora de
hora escondido de minha mãe.
Saudades de brincar de
amarelinha, de esperar ansiosamente o primeiro dia de aula para conhecer os
colegas novos e rever os antigos. Tenho saudades de muitos amigos que se foram,
dos que se mudaram ou que partiram para nunca mais voltar.
Tenho saudades das expectativas
que criei, das coisas que planejei, dos sonhos realizados, dos amores
guardados, dos momentos mágicos, do maior desejo, do primeiro beijo que dei na
pessoa que mais amei, do amor que eu ganhei de quem eu também amei e que ainda
irei amar.
Eu tenho saudade de quase tudo,
principalmente daquele abraço mais sincero, do olhar mais apaixonante, do
sorriso mais contagiante pelo qual me apaixonei. Tenho saudade de namorar na
cozinha, saudades daquele beijo com as pernas entrelaçadas na minha cintura, da
minha maior aventura e dos momentos que causaram emoção.
Pode me faltar muita coisa no coração,
mas a saudade... Essa não, pois tenho saudades de tudo que vivi na vida, até da
parte mais dolorida que me causou aflição, mas o tempo passa rápido sob as
luzes que iluminam a escuridão.
A saudade é o sentimento mais
sublime e o mais cruel, ela nos leva para o inferno e para o céu, nos leva para
o limite, nos relembra momentos incríveis e nos traz a vontade de vivê-los de
novo.
Essas saudades ficam guardadas no
coração e jamais irão para outro lugar. Embora a saudade sempre deixe a
impressão que alguns momentos são impossíveis de viver de novo, existem outros
que são possíveis de reencontrar.
(Sergio Rubens)
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